Jogo Usado!
Reabrindo os portais
Depois de conquistar uma legião de fãs ao estrear no pacote Orange Box, Portal alcançou o status de jogo cult – o que surgiu como uma mera modificação de Half-Life 2 se transformou em um verdadeiro fenômeno dos video games.
Totalmente focado na resolução de inventivos quebra-cabeças, o título apresentou a intrigante Aperture Science Handheld Portal Device (ou Portal Device) — uma arma capaz de criar portais interespaciais. O advento da arma de portais introduziu uma nova dinâmica de navegação pelo cenário, expandindo a consciência espacial dos jogadores e elevando o gênero puzzle a um novo patamar.
Agora, a Valve retorna aos laboratórios da Aperture Science para uma nova bateria de testes e, desta vez, a responsabilidade é muito maior. Para não decepcionar, a Valve reforçou os elementos que tanto agradaram no original e apresentou algumas novidades preciosas.
Aprovado
“I am a traveler of both time and space...” (Sou um viajante de ambos, tempo e espaço)
Portal tinha apenas três horas; agora, no retorno de Chell e GLaDOS, você encontrará robustas campanhas single player e cooperativa. Gráficos de qualidade, efeitos sonoros de alto padrão (com destaque para as dublagens) e quebra-cabeças desafiadores se combinam para criar um dos melhores jogos dessa geração.
Portal 2 é sem sombra de dúvida um dos melhores do ano e expande a mitologia da franquia que apareceu timidamente como um “bônus” do excelente Orange Box. A equipe da Valve não decepciona em nenhum momento e o jogo agrada do início ao fim.
Chell está de volta, bem como a inteligência artificial psicótica GLaDOS (Genetic Lifeform and Disk Operating System). Você também encontrará novos personagens, que deixaram a trama ainda mais envolvente, enquanto a jogabilidade oferece poucas — mas excelentes — novidades.
As primeiras horas de jogos apresentam os principais elementos da jogabilidade. Os veteranos da série podem até achar um pouco enfadonho, haja vista que os fundamentos seguem os mesmos. Na pele de Chell, você deve encarar uma série de elaboradas câmaras de teste.
Para ajudar nos “testes” propostos por GLaDOS — o computador inteligente de tendências sociopatas — o jogador conta com uma Aperture Science Handheld Portal Device (ou Portal Device), uma arma capaz de “pintar” portais interespaciais em determinadas superfícies. O que sobressai durante todo o título é como a Valve brinca com o jogador, mostrando cenários e desafios familiares antes de promover grandes reviravoltas na trama e na própria forma de se jogar.
Em suma, Portal 2 é um jogo que inova pouco, mas nos quesitos certos, e aproveita com muita elegância os elementos que tanto agradaram aos fãs do título original. Talvez a melhor forma de definir a diferença entre os dois jogos da série seja justamente o escopo e escala das produções.
Portal 2 é maior, melhor e mais elaborado do que seu predecessor. A Valve acertou um “tiro no escuro” quando apresentou o primeiro Portal como parte da Orange Box e, agora, ciente do sucesso da fórmula, a desenvolvedora resolveu ir além. Podemos dizer que Portal foi um protótipo bem-sucedido de Portal 2.
Digam o que Quiserem
Como já dissemos, Portal 2 promove o retorno de Chell e GLaDOS. A campanha começa com a cobaia preferida da Aperture Science despertando no que parece ser um quarto de hotel.
No entanto, você logo descobre que ainda está dentro do gigantesco laboratório do primeiro jogo e que muito tempo se passou desde o seu último encontro com a inteligência artificial psicótica GLaDOS. Você é prontamente apresentado a uma “esfera de personalidade” chamada Wheatley — um robô extremamente carismático e prestativo.
E é aqui que o verdadeiro charme de Portal 2 realmente começa a emergir. O roteiro e os diálogos são excepcionais e são entregues com muito talento por um prodigioso elenco de atores.
GLaDOS (Ellen McLain) segue tão sarcástica quanto no original e Wheatley (Stephen Merchant) proporciona alguns dos momentos mais memoráveis do jogo com seu humor mordaz. J.K. Simmons é outro destaque do elenco, o ator de Homem-Aranha e Juno oferece uma atuação sólida como a voz de Cave Johnson — presidente da Aperture Science.
Portal aberto
A Aperture Science Handheld Portal Device mantém as mesmas funções, no entanto, em Portal 2 você também pode se utilizar de novos elementos do cenário. Entre as inovações, está o uso efetivo dos efeitos de física advindos da criação dos portais.
Uma das habilidades oriundas da dinâmica dos portais é a criação de correntes de ar por meio dos Pneumatic Diversity Vents — uma série de tubos pneumáticos dispostos ao longo das instalações da Aperture Science. Essas correntes de ar podem empurrar torres ou arrastar objetos com a sucção dos tubos redirecionada pelos portais.
Na mesma linha, temos os raios tratores dos Excursion Funnels, que podem atrair ou repelir objetos. Portal 2 também apresenta três tipos de gel especiais: o propulsion gel (de cor laranja), o repulsion gel (de cor azul) e o conversion gel (de cor branca). Cada uma dessas substâncias possui um atributo diferenciado.
O propulsion gel (gel de propulsão) é capaz de aumentar a velocidade de Chell conforme ela atravessa as superfícies. Já o repulsion gel (gel de repulsão) permite que você “quique” pelas paredes. Por fim, o conversion gel (gel de conversão) faz com que qualquer superfície coberta com o gel aceite portais — para quem não sabe, nem todas as superfícies podem receber os portais do Portal Device.
Outro elemento inédito é a Hard Light Bridge. Basicamente são pontes feitas de luz, que por sua vez podem ser redirecionadas por meio dos portais para que você possa alcançar locais inacessíveis.
Com a ajuda dos meus amigos
Uma das principais novidades de Portal 2 é a introdução de um modo multiplayer cooperativo. Com uma ambientação e história própria — diferentes da campanha single player —, o multiplayer de Portal 2 é peculiar e muito divertido.
Atlas e P-body são versões modificadas da esfera de personalidade e da torre de tiro que aparecem ao longo da campanha padrão. Ambas as máquinas ganharam pernas e Portal Devices para que pudessem participar da “Iniciativa de Testes Cooperativos” — uma série de experiências coordenadas pela sempre abusiva GLaDOS.
Os quebra-cabeças não são particularmente difíceis. Na verdade, a ideia principal por trás desse modo de jogo não é superar os desafios, mas encontrar uma forma de trabalhar em equipe para alcançar o objetivo final.
E mais uma vez a Valve dá um show de criatividade, brincando com o jogador ao colocar o destino de um dos participantes na mão do outro. Acertos criam um sentimento de realização, enquanto os erros rendem momentos únicos de pura comicidade — nada como desligar a ponte de luz no momento em que seu companheiro está no meio da travessia.
Os paralelos cibernéticos de Laurel e Hardy (O Gordo e o Magro) são genuinamente divertidos, especialmente quando você utiliza os comandos especiais de interação — uma espécie de emoticon robótico. O humor ácido da Valve também aparece nos comentários perniciosos da GLaDOS: ela tenta “desestabilizar” a relação cooperativa dos jogadores ponderando sobre o desempenho de cada um.
Ademais, a edição de Portal 2 para o PlayStation 3 conta com suporte para multiplayer interplataforma, ou seja, você poderá embarcar em partidas no PS3 com jogador do PC. Além disso, o título também conta com um sistema de integração de contas do Steam, para que você importe seus amigos da rede online da Valve dentro do jogo para o PS3.
Fonte dos portais
Graficamente falando, Portal 2 não é nenhum primor tecnológico, todavia, é impressionante ver a longevidade da Source Engine. Isso mesmo, o título utiliza a mesma engine — com alguma poucas modificações — do clássico Half-Life 2 (lançado em 2004).
Os visuais são belos – de espartanas câmaras de testes a gigantescos ambientes destruídos –, mas por conta da direção de arte e não pelo poderio do motor gráfico. O grande apelo da franquia Portal nunca foram os seus visuais, porém, você não perde um momento sequer questionando a qualidade técnica do projeto.
O foco é a narrativa e a jogabilidade. A imersão é tão grande que você simplesmente deixará de reparar nos detalhes gráficos, sejam eles positivos ou negativos. Além disso, a Source Engine possui alguns méritos, especialmente no que diz respeito a efeitos de iluminação e física.
Reprovado
Muito bom, mas faltou só uma coisinha...
É difícil apontar muitos erros em Portal 2. O jogo não é perfeito: como já dissemos, seus gráficos são baseados em uma engine lançada em 2004 — uma eternidade para os padrões digitais — e a campanha, apesar de ser mais extensa do que a original, ainda pode ser completada em poucas horas.
Mesmo assim, Portal 2 não traz grandes defeitos ou qualquer tipo de problema gritante capaz de desvalorizar toda a experiência de jogo. No final, fica apenas a impressão de que faltou uma “coisinha” que deixaria o título ainda melhor.
Um bom exemplo é a ausência de rankings (leaderboards) e challenge maps (os mapas extras de desafio). Com a introdução do modo cooperativo, a existência de desafios competitivos seria algo natural que complementaria muito bem a experiência multiplayer.
Outro ponto que certamente elevaria a qualidade final de Portal 2 seria a introdução de um editor de fases. Seguindo a tendência “Play, Create, and Share” (“Jogue, Crie e Compartilhe”), a Valve poderia disponibilizar um modo de edição de fases — as ferramentas de modificação da Source Engine são amplamente divulgadas pela internet e muitos mods são promovidos pela própria Valve.
Talvez o maior problema de Portal 2 fique por conta das inúmeras telas de loading. Mesmo assim, apesar de frequentes, as telas de carregamento não são muito demoradas e não prejudicam em nada a diversão.
Vale a pena?
Portal 2 acerta do início ao fim. O título não decepciona em nenhum momento, entregando uma experiência singular e inesquecível.
A história está cheia de reviravoltas e o elenco de personagens é extremamente carismático — até mesmo aqueles com tendências psicóticas. Não é difícil se desligar totalmente da ação somente para ficar ouvindo os comentários sarcásticos de GLaDOS e Wheatley.
Os quebra-cabeças estão muito mais desafiadores do que no original e fazem pleno uso dos novos elementos da jogabilidade. Mesmo assim, a curva de aprendizagem é tranquila e jogador nunca chega a se frustrar com os enigmas.
Como se isso não bastasse, Portal 2 ainda conta com um inventivo modo multiplayer cooperativo. O objetivo e a jogabilidade seguem praticamente inalterados, mas desta vez o foco é o trabalho em equipe e, para superar os desafios propostos, você deve coordenar suas ações com o seu colega.
Em suma, Portal 2 não é apenas um dos melhores jogos do ano, mas também é um dos melhores títulos desta geração.
fonte.
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